quarta-feira, 8 de dezembro de 2010
Perdoe a si mesmo
"Há quem goste dos olhos e os que gostam da remela!", diz a "sabedoria popular". Há os que assemelham-se a urubus enquanto outros se comportam como colibris. No que tange ao perdão - ao ato de perdoar ou não - cabe ainda a comparação com rosas e espinhos.
Quem opta por não perdoar é um colecionador de espinhos, fã da remela, consumidor de alimentos com data de validade vencida. Pois são estas as sensações, os valores, os perigos e as perturbações que a ira, o desejo de vingança e a raiz de amargura fazem germinar e frutificar em quem opta pelo não perdão. Tais padrões limitantes de pensamentos, sentimentos e atos ferem quem os abraça, produzem cegueira e roubam da vida o encantamento. Abrem as portas para perturbações psicossomáticas, sobrecarregam e comprometem o bom funcionamento da mente e do coração, do corpo e da alma e azedam os relacionamentos.
Quem perdoa prefere se encantar com os cenários amorosamente criados e percebidos a partir de olhos bons, capaz ainda de energizar e iluminar todas as dimensões do corpo ou, como diria o Mestre Jesus: "Se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo será luminoso". Olhos sem remelas!
Quando perdoamos, faxinamos o coração e lavamos a alma, abrimos as janelas na direção de novos e reconfortantes horizontes, ao mesmo tempo em que nos libertamos das sombras com seus julgamentos, culpas e medos.
Ao vivenciarmos o perdão, deixamos de desperdiçar preciosas e sagradas energias, até então insanamente utilizadas na geração de stress elevado e nocivas batalhas mentais, verbais e até mesmo físicas.
Podemos justificar a opção pelo não perdão com os mais lógicos e contundentes argumentos; com toda certeza, não nos faltarão argumentos! Entretanto, nenhum desses infindáveis argumentos nos beneficiará, trará paz ou nos fará melhores, pois manter o ressentimento, a ira e o desejo de vingança hospedados no coração, significa infligir uma crueldade igual ou maior àquela da qual acreditamos termos sido vítimas. Não perdoar, portanto, é ser carrasco de si mesmo.
O perdão é jóia preciosa, de rara beleza, com a qual presenteamos a nós mesmos. É um ato de elevada generosidade e constitui imprescindível investimento em nossa qualidade de vida, saúde psicossomática e relacional. É um grito de independência em relação a quem nos mantemos acorrentados pelos grilhões da amargura.
O mais atingido e prejudicado com a ausência do perdão é quem se recusa a perdoar e, obvio, quem mais lucra é quem perdoa. Perdoamos alguém não pelo fato de ser ou não merecedor de perdão e sim porque merecemos contemplar a nós mesmos com esta divina dádiva, pois quem perdoa investe em si mesmo.
O perdão libera espaço na mente e no coração para ser dedicado aos amigos, a quem amamos, pois, admitamos ou não, os inimigos são mais íntimos e mais presentes em nossos pensamentos e sentimentos dos que os amigos. Não perdoamos para nos sentirmos superiores, importantes, santos ou mais bonitos, perdoamos para nos sentirmos libertos, em paz e saudáveis.
O perdão é uma prova de amor a nós mesmos: quem se ama, perdoa.
Fonte /http://voandoempensamentos.blogspot.com/
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